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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Apresentação Via Rosse

Não se assuste companheiro, eu to assim estranha por causa dessa chuva que a tudo molha e que molhou minhas roupas e meus cabelos e dessa luz estranha que eles colocaram aí que não deixa a gente ver nada direito. Mas não se preocupa não, viu? Você tem fogo companheiro? Você tem fogo companheiro?
Sabe de uma coisa?
Essas histórias, as histórias das pessoas ela me arrasam. Mas eu não to falando de qualquer historia, eu to falando da historias de pessoas que foram longe demais, que tiveram coragem de ir longe demais, por que tudo se confunde quando se vai longe demais.
Eu conheço uma mulher que morreu por que foi longe demais. Essa mulher era uma puta que morreu de tanto comer terra, mas eu não to falando de qualquer terra. Eu to falando de terra de cemitério e a terra dos cemitérios, ela entrava a noite no cemitério e cavava a terra, a mais profunda, pegava com as mãos e depois comia. Você entende? È a terra dos cemitérios, a terra que roca os caixões, que esfria os nossos mortos.
Eu fico arrasada com essas historias, mas eu fico ainda mais arrasada, quando penso na quantidade de pessoas que se mataria se tivesse mais fácil, se existisse um jeito mais fácil e acessível pra todos, se ao invés de terra, fosse dado de graça um pozinho branco, tão leve, que a pessoa ia se sentir tão leve que nem ia perceber que estava passando pro outro lado. Mas aí você ia ter que ter coragem né companheiro? por que você nunca sabe o que tem do outro lado.
Por que nós, os estrangeiros, nós temos que nos privar de tudo, temos que nos controlar ao máximo e no mover o mínimo possivel. Pelo menos enquanto tudo for controlado por esse grupinho de pessoas, que tudo controlam, que controlam ate mesmo essas putinhas loiras de cabelos cacheados como eu.
Mas ai eu vi você, quando você virava a esquina, e eu tive coragem de abordar você e perguntar se você tem fogo. Pra que dessa vez não fosse somente a chuva que a tudo molha que não deixa a gente ver nada a chuva, a chuva, a chuva, lálálá lá lá lá lá lá (grito árabe).

Aí, eu tive uma idéia. A minha idéia é a de um sindicato, um sindicato em escala internacional. E não tem haver com política, só com defesa, eu feito para a defesa dos garotos não muito fortes, vindo diretamente de suas mães, que estão correndo todos os riscos por aí.
Mas aí eu vi você e eu tive coragem de abordar você perguntar: Você tem fogo companheiro? Oh, dá alguma coisa pra mim?

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