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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Exílius as vezes se exila dentro de mim.
Eu me perco, ele me perde, assim seguimos juntos.... Vc tem fogo companheiro?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Já que não sou original - parte 3:

Foi aí que encontrei Einstein (ele mesmo— o Alberto Einstein). Que me ensinou esta frase: A imaginação é mais importante do que o saber. Fiquei alcandorado! E fiz uma brincadeira. Botei um pouco de inocência na erudição. Deu certo. Meu olho começou a ver de novo as pobres coisas do chão mijadas de orvalho. E vi as borboletas. E meditei sobre as borboletas. Vi que elas dominam o mais leve sem precisar de ter motor nenhum no corpo. (Essa engenharia de Deus!) E vi que elas podem pousar nas flores e nas pedras sem magoar as próprias asas. E vi que o homem não tem soberania nem pra ser um bentevi. (Manoel de Barros)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Já que sou um pouco original

Para chegar em Exílius, na idéia da construção em Front(eiras), precisei de um caminho, um tanto longo, entre a dissertação de mestrado e a viagem para Via Rosse, então acredito que seja necessário a quem possa interessar compartillhar a minha dissertação:
Diálogos entre o Butô e a Dança Pessoal

Resumo: O que se pretende nessa dissertação é tentar traduzir em conceitos as metáforas e linhas de fuga da relação ator-sala-comando-atualização-ação, que ocorre em trabalho, como uma ação necessária para compreensão de uma linguagem particular: o trabalho da relação que existe entre o ator/bailarino e o condutor de uma prática (seja ele, diretor ou orientador) e a construção de uma linguagem particular: "as metáforas de trabalho".
Ou seja, tento colocar-me "entre", entre a experiência vivida e o comando verbal de um orientador, dialogando entre o verbo e a ação. Para isso utilizo como exemplo as minhas experiências com o Butô e a Dança Pessoal

Link para o download completo da dissertação:
http://cutter.unicamp.br/document/?code=000471359

Ja que não sou original parte 2:

E o que o texto abaixo tem haver com o Exílius? Tudo e nada.
Sim, é de um Frei. Não, não estou fazendo propaganda religiosa, afinal religiosa eu não sou.
É somente mais um texto emprestado para esse blog numa tarde chuvosa:
A MÃO INVISÍVEL
Frei Betto

Desde criança tenho, como todo mundo, meus medos. Já foram maiores: medo de ver meu pai bravo, de ser obrigado a comer jiló, de tirar zero na prova de matemática. Medo, sob a ditadura, de me ver abordado por uma viatura policial. Medo, sob a chuva capixaba, de que meu barraco na favela, erguido à beira de um precipício, fosse levado pelas águas.

Hoje, coleciono outros medos. Um deles, medo da mão invisível do Mercado.
Temo bactérias e extraterrestres. As primeiras, combato com antibióticos – termo inapropriado, pois significa “contra a vida” e, no entanto, os inoculamos para favorecê-la.

Quanto aos extraterrestres, fiquei menos temeroso ao saber que o mais longo alcance no espaço conseguido por nossa tecnologia é atingido pelas emissões televisivas. Com certeza, ao captá-las, os exploradores interplanetários chegaram à conclusão de que na Terra não há vida inteligente...

Volto à mão invisível do Mercado. Onde ele a enfia? De preferência, no nosso bolso. Em especial, no dos mais pobres. Ela é invisível porque safada, como todo delito praticado às escondidas. Por exemplo, o Mercado pratica extorsão no bolso dos mais pobres através dos impostos embutidos em produtos e serviços. Tudo poderia nos custar mais barato se não fosse essa mão-boba que se imiscui no que consumimos.

Agora que o Mercado entrou em crise – pois a bolha que inflou estourou na cara dele – onde anda enfiando a sua mão invisível? A resposta é visível: no bolso do governo. Nos EUA, o Mercado, nos estertores da administração Bush (de infeliz memória), meteu a mão em US$ 830 bilhões e, agora, arranca mais US$ 900 bilhões da recém empossada administração Obama. Tudo pra enfiar essa fortuna no bolso furado do sistema financeiro.

Aliás, a mão invisível do Mercado ignora o bolso dos cidadãos. Viciada, sempre beneficia o bolso dos ricos. É o caso do Brasil. Diante da crise (e das próximas eleições) o governo trata de anabolizar o PAC, de modo que a mão do Mercado possa abastecer, o quanto antes, o bolso das empreiteiras e das empresas privadas encarregadas das obras.

Minha avó advertia: “Veja lá, menino, onde põe esta mão!” E me obrigava a lavá-la antes de sentar à mesa. Acho que a mão do Mercado é invisível porque jamais se lava. Ao contrário, lava dinheiro sem se lavar da sujeira que a impregna. É o que deduzo ao ler a notícia de que, nos paraísos fiscais, a liquidez dos grandes bancos foi assegurada, nos últimos anos, graças aos depósitos do narcotráfico.

A mão pode ser invisível, mas suas impressões digitais não. Onde o Mercado bota a mão fica a marca. Sobretudo quando tira a mão, deixando ao relento milhares de desempregados, jogados na rua da inadimplência, enforcados em dívidas astronômicas.

O Mercado é como um deus. Você crê nele, põe fé nele, venera-o, faz sacrifícios para agradá-lo, sente-se culpado quando dá um passo em falso em relação a ele – ainda que a culpa seja dele, como no caso da compra de ações que ele lhe vendeu prometendo fortunas e, agora, elas valem uma ninharia.

Como um deus, só se pode conhecê-lo por seus efeitos: a Bolsa, o salário, a hipoteca, o crédito, a dívida etc. Ele se manifesta por meio de sua criação, sem no entanto se deixar ver ou localizar. Ninguém sabe exatamente a cara que tem e o lugar onde se esconde, embora seja onipresente. Até na vela vendida à porta da igreja ele se faz presente. E mete a mão, a famosa mão invisível, a
temida mão invisível, essa mão mais execrável que a de tarados que ousam enfiá-la sob a saia da mulher de pé no ônibus.

Nem adiante gritar: “Tira essa mão daí!” Apesar de a mão invisível manipular descaradamente nossa qualidade de vida, privilegiando uns poucos e asfixiando a maioria, dela ninguém se livra. Como é invisível, não se pode amputá-la. Só resta uma saída: cortar a cabeça do Mercado. Mas isso é outra história. Hoje falei da mão. A cabeça fica pra outro dia.

Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros.
http://www.freibetto.org/

Já que não sou original parte 1:

Hoje, amanheci afônica, passei o dia em casa, entre pensamentos e desejos, entre projetos e realizações, cheia de front(eiras), permeando o desejo, o inconsciente e o plano prático de ações, de promessas de aprendizagens e ensinos em 2011.

Ao pensar em Exílius, o que mais me persegue é:
Como confinar um povo nômade por natureza em um território murado, privado?
Como estabelecer essas linhas continuas, muradas? Linhas divisórias, que não são fronteiras, por que não permitem o acesso, não fazem troca, não acrescentam, apenas separam e reafirmam a diferença, como pior, como inapropriada.
Já que não sou original, e investigar, é encontrar outros que inspiram e semeiam mudanças dentro da gente, copio abaixo, o MANIFESTO (DA ESCOLA NÔMADE):

"O pensamento nômade não tem referência, nem modelo, nem sujeito, tampouco identidade: pensamento da afirmação imediata da diferença enquanto diferença; do sim às multiplicidades que não apenas se dizem como qualidades expressivas, mas que se fabricam como substâncias produtivas; e do gozo alegre implicado na experimentação do diverso enquanto estofo de uma natureza naturante do próprio diverso.

Sendo nômade, esse pensamento não remete a raízes sedentárias: seja através de uma recognição original, memória formal da origem, como sujeito fundante; seja ao modo de uma intencionalidade final, como projeto totalizador ou objeto acabado ideal ou material.

Por tudo isso também, esse movimento de pensamento tem por efeito necessário uma desconstrução crítica de todo pensamento ocidental, e oriental inclusive, nos seus aspectos de transcendência.

Nesse sentido não promove separações ou cortes formais disciplinares, nem uma suposta religação transdisciplinar. Mas opera com dimensões, intensidades e limiares do pensamento: provoca uma nova visão dos cortes e das continuidades, que desta vez emergem por devires intensivos;

Cultiva a experimentação intensiva da vida na Terra, que se passa em um meio comum de imanência. Investe um Plano único de natureza, povoado por forças inauditas constitutivas de espaços-tempos simultaneamente singulares e plurais, que inventam linhas de eternidade e que também se produzem necessariamente através de nossos modos de existir. Portanto, é toda uma nova política do desejo e da vida na Terra que é investida, uma nova governabilidade de si e da Terra, pela Terra. "
http://escolanomade.org/

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cena Exilius - vídeo

Bem, hoje foi um dia especial: o nascimento do meu sobrinho: o Pedro!

Assistir um parto foi algo tão incrível, que me deu ainda mais vontade e força para a criação, para a investigação, para a busca utópica de um mundo melhor, mais justo.

Bem, segue abaixo o link no youtube para acesso Cena Exilius:

http://www.youtube.com/watch?v=NLjmi3oXcj0

sábado, 8 de janeiro de 2011

A Dramaturgia em Front(eiras)


No “Projeto Exílius”, a situação desértica e o exílio serão vistos como metáfora sobre a indisponibilidade do corpo com o espaço e do corpo em si mesmo. O intuito é fazer o levantamento dessas práticas de exílio contemporâneo e como uma cultura muitas vezes se impõe sobre a outra, diluindo-a, ver o exílio como morte de uma cultura ou o afastamento dela e, que ecos corporais essa tema pode ter.

A busca desse projeto é conceituar uma forma de criação cênica híbrida, que chamo de Front(eiras), pois mescla realidade e ficção, o espectador, nunca saberá se o que se conta é real ou imaginário:

‘Front’ linha de frente nas batalhas.
‘sem eiras’ as eiras são chãos duros/firmes, utilizadas para secar produtos agrícolas, bem como também cumpriam uma função social, uma vez que proporcionavam um local onde podia decorrer certas cerimônias ou eventos públicos, tais como bailes ou missas. A importância da eira na vida das populações rurais era de tal forma evidente, que deram origem a vários toponímicos, e à expressão "sem eira nem beira", que significa destituído de tudo, numa alusão de como as eiras eram centrais na sua vivência.
‘Fronteiras’, portanto, como território de identidades múltiplas, do qual muitas vezes a linha divisória oficial de separação entre os espaços não corresponde à realidade mestiça e misturada dos que habitam esses locais.

É importante pensar esse conceito dramaturgico, como um conceito em processo, em pesquisa constante e em busca de experimentação.

Unido a ele, a construção do espetáculo em si, outro item importante para o processo de construção são as metáforas de trabalho (tema de minha dissertação de mestrado), conforme artigo escrito por mim e o Prof. Dr. Renato Ferracini:

"Podemos tomar como premissa básica que essas metáforas utilizadas em sala de trabalho são imagens que auxiliam o atuador a adentrar em uma Zona de Experimentação. Dessa forma, longe de serem consideradas possíveis ingenuidades conceituais utilizadas pelos artistas e/ou grupos, são quase ações-imagens-conceitos que sugerem uma experiência prática de trabalho e de entrada em zona de potências, em linhas de fuga das doxas cotidianas corpóreas. Metáforas de trabalho como possível recriação intersemiótica de um fluxo de processo corpóreo-artístico complexo. Também podem revelar, em suas análises práticas, questões conceituais, teóricas e éticas dos artistas e grupos. Sem contar que essas metáforas de trabalho nascem de uma memória do próprio processo de criação e trabalho prático. Dessa forma, o conjunto de metáforas de trabalho como língua interna contém ou compõe a própria memória processual do artista ou grupo. Talvez, ao estudar essa memória processual no conjunto da língua-metáfora de artistas ou grupos podemos adentrar no próprio universo de construção conceitual e dos fluxos de processos de criação complexos que eles utilizam. As metáforas de trabalho, como “língua” de um processo específico deveria, portanto, ser considerada como um discurso potente; e tão potente como a língua conceitual ou matemática. É a língua metáfora-arte que produz conhecimento prático e mesmo teórico quando analisada com cuidado e acuidade. É nas metáforas de trabalho que o discurso do ator, do dançarino, do mestre de cavalo marinho adquire certo patamar de conhecimento merecido e complexo, pois gera ou discursa um fazer que não necessitam de qualquer conceituação para sua completude, pois pensa por si; é potente em si. É com as metáforas de trabalho – e não sobre elas – que o pensamento conceitual, reflexivo e crítico deveria se assentar."

Nessa pesquisa, diferente do mestrado, o que se desejo é investigar como as metáforas de um cotidiano, que não seja o meu, podem despertar em meu corpo movimento e ações.
Quanto ao encontro com as crianças do deserto afirmo que foi um acaso repleto de ‘sorte’. Insisto na palavra sorte, por que em especial conheci uma garota de cerca de 10 anos que realmente comoveu-me. Não nos comunicamos em nenhum momento verbalmente: ela falava árabe, eu português e as duas estavam em território italiano, ela não sabe meu nome e eu não sei o dela.
Esse encontro alterou meu pensamento em minhas práticas diárias, portanto, algo que me moveu tão intensamente em busca de uma resposta, uma inquietação cheia de desejos, esse encontro foi repleto de alegrias espinoziana, um encontro afetivo que alterou minha potência e as práticas que estava fazendo em sala de trabalho, que agora estava repleto de novas metáforas/ações.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Para esse momento só isso:

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III)
da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

Artigo IX

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.


Artigo XIII

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XV

1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Exibições

Hoje, venho postar vídeos, que divulgam esse povo e o lugar aonde vivem.

É uma forma de colocar as metáforas em imagens, basta clicar sobre o título:

Saharawui -35 anni um poppolo em esilio nel deserto

Saharawui, um poppolo dimenticatto

La Mujer Saharawi

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Mostra GICHI

Apresentação realizada em setembro de 2010.

O Grupo de Investigação da Cena Hibrida foi formado pela Prof. Dra. Veronica Fabrini.

Foto de Sillas Oliveira

2011 e a retomada dos trabalhos

Desde a apresentação da Cena Exilius na Mostra Gichi (Grupo de Investigação da Cena Hibrida), que aconteceu em setembro de 2010 no Teatro Útero de Vênus, a ânsia em voltar com a pesquisa tem aumentado gradativamente.
Com a entrada do novo ano, está decretado o retorno do Projeto Exilius, com nova visão, mais abrangente, não desejando apenas a montagem do espetáculo, mas uma discussão sobre liberdade e exílio.

Abaixo vídeo com um pouco da história da construção desse muro:


Sahara e el muro que nadie quiere hablar