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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Desejos e anseios

A entrada da Alice Possani no projeto como diretora trouxe novo gás para a produção do espetáculo.

Dedicamos algumas horas aos ensaios, mas algumas outras horas importantes para a pesquisa teórica e o desenvolvimento de um pensamento sobre o exílio e a liberdade.


Na obra do Grupo Gasparazzo: Viaggio musicale nei campi profughi Sahrawi, encontramos o canto produzido no campo, em trabalho conjunto dos cantores italianos e dos moradores dos acampamentos: "um muro de silêncio, uma serpente longa de 2.700km, que morde o coração de quem conhece sua história".


Sim, essas pessoas estão confinadas num território doado pela Argélia desde 1975, cercadas por um muro minado de ponta a ponta, com o exército marroquino a espera de qualquer reação. Por mais que o espetáculo use esses dados como metáforas, devo tornar público o horror de um grupo que busca por reconhecimento e sofre a repressão por esse desejo.

Esses povos aguardam um referendo prometido pela ONU, para a votação do reconhecimento de sua área, enquanto isso ou vivem nas piores condições humanas que se possa imaginar ou se exilam em outros países.


Às vezes, pergunto-me o que tem mais valia: o liquido vermelho de milhares de pessoas ou o liquido preto que verte da terra.


sábado, 2 de abril de 2011

Frente Polisário


Frente Polisário é um movimento político-revolucionário que luta pela separação do Saara Ocidental, antigo Sahara Espanhol ou Rio de Oro, actualmente sob domínio de Marrocos, visando instituir a República Árabe Saaraui Democrática. Antes de 1973, a Frente Polisário designava-se Frente Popular para a Libertação de Saguia el Hamra e Rio de Oro (Frente Popular de Liberación de Saguía el Hamra y Río de Oro). A Frente Polisário conta com o apoio da Argélia, a favor da autonomia política da nação saarauí. Marrocos e a Frente Polisário selam um cessar-fogo em 1988. Um plebiscito é marcado para 1992, mas não acontece porque não há acordo sobre quem tem direito a votar: Marrocos quer que seja toda a população residente no Saara Ocidental, mas a Frente Polisário só aceita que sejam os habitantes contados no censo de 1974. Isso impediria o voto dos marroquinos emigrados para a região em disputa depois de 1974.


Para saber mais:


“L’odissea del Popolo Saharaui” de Elvio Mancinelli



"AS LUZES QUE DESCOBRIRAM AS LIBERDADES INVENTARAM TAMBÉM AS DISCIPLINAS" ( Michel Foucault)


Aminatou Haidar, também conhecida simplesmente por Aminatu ou Aminetu (24 de julho de 1966)é uma activista em prol da República Árabe Saaráui Democrática e dos direitos humanos. É mãe de duas crianças e cursou estudos de literatura moderna. Hoje é a militante mais famosa pela República Árabe Saaráui Democrática, um Estado que seria criado no território do Saara Ocidental, território este disputado pelo Reino de Marrocos e pelo movimento independentista Frente Polisário, este último apoiado por Haidar.

Esse território, uma antiga colônia espanhola, teve o seu processo de descolonização interrompido em 1976, deixando de fazer parte da Espanha de maneira abrupta, embora esta estivesse comprometida com a ONU em conduzir tal processo de descolonização, o que gerou graves consequências para tal território.

Atualmente o Saara Ocidental é governado, de fato, pelo Marrocos, tendo Haidar a cidadania marroquina. É conhecida como “a Gandhi saaráui”

Tebraa: retrato das mulheres saharauis

Um vídeo a partir da visão feminina no campo, muito bom, vale apena ver:

http://vimeo.com/7848938


"Quisera não vertesse o líquido negro.
Quisera a terra não tivesse sangue negro.
Quisera não vertesse negro.
O liquido negro da terra que derrama o liquido vermelho dos homens.
Quanto vale o negro? E quanto vale o vermelho?"
Sentar. Olhar. Respirar. Esperar. Contar. Abril entrou assim: despedaçado... Contar de novo. Sentar. Olhar. Respirar. Esperar. Tem fogo companheiro? Acender. Tambores. Sou a pele de um tambor... Contar de novo. Do que eu posso me queixar? Olhar. Respirar. Boca seca. Boca Amarga. Calor, areia, sede que não passa. Garganta seca, voz rouca. Olhar longe, miragem, olhar que procura o que não encontra. Contar de novo. Miragem do deserto. Deserto mesmo. Deserto que é em mim. Seco, pele seca, sorriso seco, boca seca... Edificios, olhos que olham os edificios. Roedores. Contar de novo. Abro os olhos, estou só.