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domingo, 14 de agosto de 2011

Tudo sempre pode acontecer...


Tudo sempre pode acontecer, inclusive você tocar um dedo na felicidade.

Calábria, Caulonia, que belo lugar pra conhecer belos artistas e viver a experiência de ouvir Janis Joplin, subindo a colina com um bando de cinquentão recordando um tempo que não conheci e nem vivi. De repente, eu era a mascote do grupo.

Primeira noite que participei do Festival, teve a apresentação do espetáculo da Caterina, “Rosas do Deserto”, sobre as mulheres saharauis, com algumas projeções do Campo de Refugio e da Marcha Verde. Pronto, lembrei o que eu estava fazendo aqui, nem preciso dizer que comecei a chorar.

Segundo dia era dia de fazer “Exílius”, mas era tbém dia de um importante matrimonio aqui, toda a cidade estava empenhada de andar ao matrimonio, apresentei para 15 pessoas, sendo que 7 eram do festival, ao mesmo tempo uma sensação de vazio, mas desse total, 5 pessoas saíram do teatro realmente tocadas, emocionada, o que já mudou o meu ponto de vista.
Claro, na companhia de Fabiana, André, Enzo, Nikola, Roberta e Caterina, depois do espetáculo é a hora da bebedeira. Comemos e bebemos, falamos de tudo um pouco, filosofamos sobre a função da arte, sobre a função da vida, sobre Janis Joplin, sobre viver longe do seu país, sobre o brasil, sobre religião e sobre tudo o que vinha a mente. Eu realmente me sentia em casa, livre de preocupações.

Terceiro dia, espetáculo da Fabiana e do André e encerramento do festival aqui, claro depois do espetáculo, bebedeira, depois do espetáculo falar um monte, sentar numa mesa fora, servida na janela de uma casa, uma pasta deliciosa.

De repente, eu estava no mar, nadando no Mar Jonico, bebendo uma cerveja, comendo um risoto de funghi, esquecendo um pouco de tudo o que havia acontecido até agora, não sabia se sonhava agora ou se sonhava antes...

Quarto dia, folga total, mas incrivel, de repente uma insonia sem fim, acordei torta, acordei virada, acordei sei lá o que...
Roberta e eu saímos pra ir a praia, recebemos uma ligação ruim. Lembrei pela segunda vez o que faço aqui, amanhã retorno pra ficar com as crianças, vontade de correr, de gritar, de berrar, de sei lá o que... raiva profunda... É hora de voltar.

Ok, não posso voltar, não tem vaga nos trem antes, continuo na praia, o dia todo, sem sair, numa união perfeita entre o mar, a areia e a companhia da Roberta.

Ficamos sentadas olhando o mar por 6hs, o ciclo da maré.

O sol se pondo, a lua subindo.
Eu aqui, os meninos no sul, os amores em outro continente, uma sensação maluca de liberdade, de voltar a ser criança, começamos a fazer mil fotos, éramos as melhores amigas de anos, fotos, estrelas cadentes, risos, jantar na beira do mar, vinho, de onde eu vim mesmo? Cabeça vaga, vixi, cabeça com muito vinho.

Cantar e cantar...

Começar a falar tudo de novo, a viagem ao campo, a beleza de não ganhar dinheiro, mas conhecer o mundo, vontade de comer chocolate, regredidas, utopias de um novo mundo, o Campo virou algo real, as pessoas se tornaram reais, o que antes era literatura, agora é gente de verdade, gente de força e de raça. Gente que tem coragem de andar, sem nada, no calor de 50 graus....

Dividida entre o desejo, a liberdade, o medo, a ansia e a revolta.
Dividida entre o lado de lá e o lado de cá.

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