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domingo, 14 de agosto de 2011

Matando saudades de mim


A Italia é assim: sempre que estou aqui é como se eu descobrisse algo mais sobre mim mesma. Vai ver mato saudades de todos os que vieram antes de mim nessa terra, quem vai saber??

Trabalhar com tantas pessoas queridas, reencontrar tantos anjos da guarda no meio do caminho: Sabine Uitz, Paolo Cattaneo e Remo.
Encontrar novos parceiros lindos: Roberta (a parceira viajante do Exilius!), Giorgia, Maria, Ehmoud, Giorgio, Ester, Beth, Francesca, Federica, Caterina, Fabiana, André, Enzo, Nikola, Hilário, Zia Maria e tanta outras gentes que fazem do voluntariado a sua vida, que fazem da idéia de Cooperativas uma realidade, que entendem que arte e ciências sociais podem casar perfeitamente.

Nem precisa vir aqui pra relembrar que o Paolo é um dos culpados pelo Exilius existir, mas é bom lembrar, suas fotos, sua arte, despertou em mim o desejo de fazer essa pesquisa.

O Centro Polesano, na Badia Polesine-Padova, é mais que um centro de documentação, é um centro de denúncia de todas as formas de abusos do poder do homem no mundo, lá se encontram milhares de livros sobre o tema, lá se encontra o Festival Del Popoli, que trata com propriedade e liberdade artística de temas, que merecem serem mexidos, mas que muitos têm medo de fazer, por que não parecem contemporâneo, mas são!! O tema do festival esse ano foi a Quimica da Palavra: “A paz armada”, por exemplo. Além da seriedade do trabalho desse centro, ele mantém uma receptividade inigualável, recebe as pessoas com um carisma inacreditável, nos fazem sentir-se em casa.

O Via Rosse Teatro, Vighizzolo D'Este-Padova é sempre um presente, um lugar de refúgio, aonde eu posso organizar, pesquisar e tornar cena todas as experiências vividas aqui e ali. No meio de um campo, repleto de verde e de muito vinho, tudo vai sendo criado, recriado. “ A novidade que tem no brejo da cruz...”

A Associação Jaima Saharawi de Reggio Emilia, tem a coragem e um pouco de cara de pau, trazer pra Italia e sustentar essa ideia por tanto tempo 40 crianças saharauis que precisam tudo, inclusive o básico: assistência medica e odontológica. As viagens e as aulas que elas fazem aqui vêm de vale-brinde, pra elas tirarem umas férias do deserto, que nesse período do ano o calor chega a 50 graus. Essa associação vive de voluntariado e de um trabalho árduo durante todo o ano.

Conheci o Grupo Utopia, um Centro de Cooperativas na Caulonia-Calábria, que trabalha com a ideia de uma economia sustentável (web, reciclagem, artes, plantações e turismo responsável), uma nova forma de ver o consumo (que eu ainda preciso de alguns anos pra conseguir me inserir), um centro de resistência e refugio a tantos que chegam de lugares distantes, num porto qualquer perdido no Sul da Italia, um centro de resistência e denúncia da Mafia.

Claro, tudo sempre mais bonito quando se vive o ano todo, mas despertar pra uma nova forma de pensar a arte é uma responsabilidade grande no desejo de mudança, de uma nova forma de fazer, mais limpa, mais parceira, mais sem medo que tudo pode dar errado, mas que também tudo pode dar muito certo!

Quanto ao povo Saharaui... esse vale uma vida pra descrever o que eles nos ensinam.

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