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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Outra vez silêncio

Ela não conseguiu dormir.
Ficou rolando na cama, os pensamentos rolando mais.
Ela perdeu o domínio sobre o pensar.

Procurou no dicionário o sentido de liberdade. Não encontrou eco em si na leitura.

Liberdade pra existir é preciso poetizar, liberdade não tem graça quando é formal.

Então, procurou nos seus escritores textos sobre liberdade, já que ela mesmo perdeu o tempo e o tema:

“Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.” (Manoel de Barros)

“- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.“ (Clarice Lispector)

“Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.” (Também da Clarice)

“que límpido ordenado, que precisões hein? liberdade pra quê? liberdade têm os outros de te montar em cima, de te arrancarem o naco de carne da boca, tens medo de que te tirem o quê se não tens nada?” (Hilda Hilst)

Tanta liberdade dita por aí e ela aqui, parada, buscando alguma que valesse apena ser compartilhada.
Porque é necessário fazer valer apena, é preciso ter força pra enfrentar o exercito oculto.
Ela não encontrou as armas, sentiu-se responsável pelo que não encontrou.

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