De repente, ela deixou de se reconhecer...
Transbordar já não bastava mais.
Transbordar já não bastava mais.
Mas, ela não aprendeu a falar sobre, sempre esbarra nas palavras, nas ações, ela pode até pensar certo, mas não a ensinaram a agir certo.
Dentro do peito uma dor
não reconhecida.
Disseram que ela tinha crise capital, ela se viu
dentro do sistema e sem chance de mudar ou refazer as relações já
estabelecidas na sociedade do consumo e do poder: É preciso ter
poder para ser... Um poder que pra ser, precisa oprimir o outro,
condenar alguém, encontrar um culpado para tudo o que está errado.
E hoje, parece que tudo
está errado.
Acordou azeda,
desencontrada, sem brilho, buscando nos outros um alivio que nunca
vem, que não chega, por que o problema não está no outro, está em
si, está no todo.
Pânico de gente, você
já teve pânico de gente? E pânico de si mesma, de tudo o que não
consegue e não conseguiu fazer?
O mundo acabando, Rio +
20 que se foi, nada muda, as coisas não mudam nem no pequeno, as
cobranças continuam as mesmas, as dores as mesma, a guerra não
declarada contra alguém.
Alguém precisa ser
punido pela cobrança que outro alguém recebe, transfiro a dor...
Na linha de frente das
batalhas invisíveis.
Na batalha contra o
próprio medo.
Na batalha de dores
desconhecidas, de repente se arrepende de tudo, de todas as falsas
ações feitas até hoje.
Ela perdeu seu maior
receptor, ela não soube lidar com o vazio.
Ela não soube lidar
com a fantasia do desconhecido.
Ela tentou fugir de
diversas formas, ela errou a maior parte do tempo, não conseguiu se
colocar.
Buscou novas formas,
essas formas não preencheram o vazio.
Hoje, ela vai
chorar....
“chora sem dar por
isso”
Ela vai escrever um
texto, mesmo que breve, até o retorno da viagem, todos os dias,
compromisso com a causa assumida.
Ela está com medo, mas
não quer ser tomada por ele, pelo menos não agora, não de novo.
Entre fatos reais e
imaginação, ela segue escrevendo.
Leva “Jorge” no
peito, pra ver se espanta a dor que não passa.
Todo mundo corre, tudo
corre, tudo apavora, ela se apavora.
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