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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Relendo o Eduardo Galeano

“Nada se fala do Muro do Marrocos, que há 20 anos perpetua a ocupação marroquina do Saara ocidental. Este muro, minado de ponta a ponta e de ponta a ponta vigiado por milhares de soldados, mede 60 vezes mais do que o Muro de Berlim. (...) Por que será que os olhos se negam a ver o que está diante deles? Será por serem os saarauis uma moeda de troca, oferecida por empresas e países que compram do Marrocos o que o Marrocos vende, embora não seja seu? Há dois anos, Javier Corcuera entrevistou, em um hospital de Bagdá, uma vítima dos bombardeios contra o Iraque. Uma bomba havia destroçado um de seus braços. E ela, que tinha oito anos de idade e havia sofrido 11 cirurgias, disse: "Tomara não tivéssemos petróleo".Talvez o povo do Saara seja culpado porque em seu longo litoral reside o maior tesouro pesqueiro do Oceano Atlântico e porque sob a imensidade de areia, que parece tão vazia, exista a maior reserva mundial de fosfatos e, talvez, também de petróleo, gás e urânio.No Alcorão poderia estar escrito, embora não esteja, esta profecia: as riquezas naturais serão a maldição das pessoas.”

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