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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

19 de dezembro

Enquanto espero novas notícias, resumo e acrescento uma das noticias recebidas pela Jaima Sahrawi:

Para o povo saharaui, a situação encontrada nesses primeiros dias de dezembro é a mais tensa que já se viu desde 1991. 
O XIII Congresso da Frente Polisário, (15-19 dezembro) discutirá as ações e o futuro da causa saharaui. O argumento é: pegar em armas ou não.

Forçados a viver num campos de refugiados na Argélia desde 1975, devido à ocupação marroquina ilegal do Sahara Ocidental, a população saharaui está enfrentando uma encruzilhada que pode mudar radicalmente o futuro da região. 

Após anos de negligência da luta armada , em 1991 houve o cessar-fogo estabelecido pelo plano de paz da ONU MINURSO (destinadas a alcançar a auto-determinação do Sahara Ocidental no território disputado entre Marrocos e a República Saharaui) - o movimento assumiu como eficaz a luta por meios pacíficos.

O que acontece nesse momento, é que os líderes da Frente Polisário já não são capazes de conter o movimento jovem atual, que frustrado por anos de fracasso e negligência das negociações internacionais, vê na luta armada a única solução para recuperar o controle efetivo do território.

A restauração da luta armada traria consigo consequências significativas em termos de política, social e econômica. Voltar para a violência original seria um distanciamento muito grande da causa saharaui e de muitos ativistas internacionais que até agora têm apoiado esse povo, justamente por sua natureza pacífica. 

A discussão de um tema tão controverso e perigoso não poderia ter vindo em pior hora, quando houve o sequestro de três ativistas humanitários em outubro, num acampamentos de refugiados saharauis na Argélia Rabun (1 italiana – Rossela Urru e 2 espanhóis da Associação Amigos del Pueblo Saharaui), esse fato dramático abre uma nova fase do conflito no Sahara Ocidental.
Um incidente violento tão inesperado, complica o cenário de uma forma irreversível. 
Se acrescentarmos que essa frente radical do povo saharaui não possa esperar para pegar em armas, o resultado é um barril de pólvora pronto para explodir.

A RASD e a Frente Polisario imediatamente após o rapto, começaram a trabalhar com as autoridades responsáveis ​​pela libertação de prisioneiros. 

A restauração da luta armada só beneficiaria o reino marroquino, dando legitimidade à interferência da França e da Espanha como garantia da segurança na região. Esse cenário levaria a um inevitável isolamente da República Saharaui.

Tudo o que resta é esperar e torcer para que o XIII Congresso decida que a "não violência" continue a ser o carro-chefe da luta da Frente Polisário. 
Acreditar ainda na diplomacia para relações internacionais pode ser somente um sonho, cultivado por mim a distância do conflito. 

Poucos dias atrás, 30 de novembro, a ativista Aminetu Haidar foi premiada com o Rene Cassin, prêmio dos Direitos Humanos (edição 2011) por sua luta pessoal em favor do povo saharaui. A luta que, por tantos anos, pagou com sua vida em prisões no Marrocos, bem como com graves danos físicos e com a famosa greve de fome no aeroporto de Lanzarote.


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